A Lenda de Tarzan – É só mais uma releitura? - Crítica


A Lenda de Tarzan é o típico filme que conta uma velha história de um jeito totalmente novo, trazendo novas tramas e dando um pouco mais de background para o personagem principal, chegando a surpreender nesse último quesito, o qual não pretendo me aprofundar neste texto, pois é um grande spoiler. Estrelado por Alexander Skarsgard (True Blood) e Margot Robbie (O Lobo de Wall Street, Golpe Duplo), o filme é uma releitura da história original do personagem da Disney (podendo ser vista até como uma sequência da história original).

Todo filme que tenta refazer o modo com que uma história é contada corre o risco de desagradar grande parte dos fãs mais fervorosos de qualquer personagem da cultura pop, mesmo esse sendo um não tão aclamado assim, mas que tem sua parcela de importância no universo das animações Disney e até jogos de vídeo-game.

Para quem vai assistir o filme esperando aquele clima alegre de musicais rolando a cada cinco minutos pode ser uma experiência um tanto quanto diferenciada, pois esse longa aborda a história do rei das selvas de um jeito mais adulto e violento, por vezes até sombrio. O clima do longa é, quase sempre, pesado, com fortes relacionamentos entre personagens, tendo até discussões filosóficas em alguns trechos.

Apesar do clima obscuro nos arcos de alguns personagens, temos momentos de descontração com interações divertidas entre os mesmos, principalmente entre Tarzan (Alexander Skarsgard) e seu mais novo amigo de aventura, George (Samuel L. Jackson). Mas esses momentos são raros, deixando espaços maiores para diálogos mais fortes sobre o passado dos personagens.

No ato inicial, a preocupação com a forma com que a história seria contada chegou até a aparecer, com algumas explicações desnecessárias (tentando explicar, por exemplo, como a vida na selva mudou, não só o comportamento mas, a estrutura óssea do Tarzan). Porém, logo o filme demonstra não se preocupar com detalhes desnecessários e parte para o que realmente interessa, a história de fato.

O filme traz sequências de ação ótimas, com combates corpo a corpo entre homem e animal de uma forma pesada e extremamente violenta, além das clássicas cenas em que Tarzan voa pela floresta inteira se balançando nos cipós. E quando unidas as duas coisas, fica ainda mais legal.

Um ponto que pode desagradar algumas pessoas (e agradar outras), é o exagero nas cenas de ação e correria no ato final do filme, sendo algumas até bem confusas de se acompanhar, com movimentação e posicionamento de câmeras diferentes.

O elenco consegue transmitir de maneira convincente todo o sentimento que cada um dos personagens carrega: a vontade de Tarzan de retornar a sua casa, a selva; o amor de sua esposa, Jane (Margot Robie), indo atrás do marido onde quer que seja; o patriotismo e procura por redenção da parte do personagem de Samuel L. Jackson. Com amor, ódio, vingança... o filme é uma avalanche de sentimentos, que funcionam muito bem em cada ato do filme.

A atriz Margot Robbie demonstra mais uma vez sua versatilidade em atuar, vivendo uma personagem totalmente diferente de todas que já vivera nas telonas, e ela é a principal responsável pela química que há entre Jane e Tarzan, sendo arrepiante em algumas das cenas. Skarsgard também faz um ótimo trabalho como Tarzan, e os créditos ao ator são necessários.

Temos ainda a presença de Chistoph Waltz, um ator conhecido por seu papel no filme Bastardos Inglórios, onde viveu o Coronel Hans Landa, tendo um ótimo desempenho com uma atuação brilhante. Porém, desde seu papel no citado filme, o ator parece ser o mesmo personagem em outros longas que trabalhara, sendo isso evidenciado mais uma vez em seu mais novo trabalho. Realmente os personagens se parecem muito.

O diretor David Yates (conhecido por seus trabalhos na saga Harry Potter, e diretor do próximo longa do bruxo, Animais Fantásticos e Onde Habitam) consegue fazer algo diferente com uma história infantil, tornando-a mais interessante para quem gosta de uma abordagem mais adulta e envolta a um enredo surpreendente, inimaginável de ser atribuído a esse personagem.

A Lenda da Tarzan é um filme despretensioso, que, sem muito alarde, conseguiu trazer uma visão mais interessante de um personagem que fez parte da infância de muita gente, e seu desempenho é bom no que se propõe a fazer, trazer entretenimento com cenas de ação fantásticas, algumas muito emocionantes, e dando, ainda por cima, uma cara nova para o rei das selvas.

Nota do avaliador:
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