Crítica - Assassin´s Creed


Ah, os filmes baseados em games de sucesso... Já tivemos tantas tentativas fracassadas de adaptações deles, mas as produtoras continuam tentando... Indo de filmes como Super Mario Bros. a Street Fighter, vemos uma gigantesca mancha no gênero. É claro que há exceções, como no caso de Resident Evil, que acabou se tornando uma franquia de sucesso e terá mais um filme sendo lançado no fim deste mês, e até mesmo Tomb Raider, que teve seu tempo de fama, mas é pouco lembrado hoje em dia. Inegavelmente, este gênero continua crescendo, mesmo que aos trancos e barrancos, com pequenos acertos vez ou outra (Warcraft, o penúltimo a ser lançado e um bom filme afinal), mas será que a reputação dessa linha de filmes pode mudar?

Esse é um dos desafios de Assassin's Creed, que chegou na última semana no Brasil e que era aguardadíssimo pelos fãs dos jogos da franquia. Com elenco de peso, contando com nomes como Michael Fassbender e Jeremy Irons, o longa conta uma história inédita (que, por sinal, é o maior acerto dos produtores!), uma grande mudança em relação aos outros filmes deste gênero, mas isso foi o suficiente para torná-lo uma exceção à regra? Confiram agora na nossa crítica!

Como todo bom fã da franquia sabe, um dos pontos fortes dos jogos é a maneira com a qual a história é contada. Na pele de uma membro do Credo dos Assassinos, o jogador é transportado a uma época passada, onde deve reviver as memórias do personagem que controla. É exatamente o que vemos na maioria do filme, já que o personagem principal, Cal Lynch (Fassbender), é um descendente do assassino Aguilar, o que possibilita que o personagem viva as memórias de seu antepassado. Estas memórias o levam de volta à década de 1490, na Espanha, onde os Assassinos travam violentos combates contra os Templários, durante o período da Santa Inquisição. É justamente aí que está o ponto mais forte de todo o filme: as cenas de ação! Quem não acompanha os jogos da série percebe cenas muito bem feitas, mas para quem joga, a sensação é de estar assistindo ao desenrolar do próprio jogo! A coreografia é muito bem executada, e para dar um toque especial, a ambientação das lutas é muito bem feita (seja no passado ou no presente, mas falaremos disso depois), gerando sequências de tirar o fôlego.

Mas qual é mesmo o motivo dos embates entre os dois grupos? A posse da Maçã do Éden, a chave para a desobediência humana no princípio dos tempos, e também o artefato que pode acabar com toda forma de violência na Terra. Este é o pano de fundo do longa, e não se preocupem, não tem como esquecer disso, porque a personagem de Marion Cotillard, Sofia, faz questão de lembrar disso inúmeras vezes ao longo da trama. Está aí um dos principais erros do filme, ficar constantemente lembrando de seu próprio enredo, o que acaba com a liberdade do filme de seguir novos rumos. E é também uma pena ver o potencial da personagem ser desperdiçado para que sirva como uma espécie de tutorial ao longo do filme. Mas é na relação desta personagem com seu pai, Rikkin (Jeremy Irons), que se encontra outro ponto forte do filme. Ele se preocupa demais com o objetivo da missão da Abstergo, já ela se preocupa com as consequências da missão para Cal, mostrando mais cautela com o personagem. De fato, ambos os personagens são pouco desenvolvidos, assim como personagens a princípio sem importância, que aparecem de uma hora para outra no clímax do filme, e até mesmo se cria uma dúvida em relação a Sofia no fim da história, que se torna uma personagem confusa nos últimos minutos.

Por outro lado, os personagens interpretados por Fassbender são extremamente bem desenvolvidos, e o ator dá um show ao longo do filme. Sua atuação aqui é simplesmente impecável, e certamente trabalhosa, já que o ator tem literalmente dois personagens diferentes nas mãos, de culturas diferentes, épocas diferentes e até mesmo com idiomas diferentes! Ele consegue transmitir as emoções ao público com perfeição, e é certamente o que diferencia seus personagens dos demais. E outro ponto importante está na conexão entre ambos os personagens, o que, de fato, cria diversos pulos entre os períodos vividos no filme, e todos sabemos o quão tênues e confusas podem ser passagens de tempo (ou até mesmo de locais, de vez em quando) em filmes, mas Assassin's Creed faz isso com maestria, e como elo de ligação, lá está Fassbender. Além disso, passa-se um bom tempo no 'presente' do filme, e é graças a isso que podemos ver muitos novos elementos, até mesmo desconhecidos até então, e isso certamente é um diferencial aqui.

Quanto ao enredo em si, é uma boa história. É claro, é a velha história de dois grupos opostos em busca de um mesmo objetivo, mas aqui não temos claramente uma diferenciação entre o bem e o mal. O antagonista do filme é um dos poucos personagens que pode-se classificar como bom ou mau, e até mesmo aqueles que pareciam ter uma orientação acabam por trocar de lado, e enquanto muitos podem não gostar, isso dá novos ares ao filme, e é um dos pontos-chave da última parte do filme. E com diferenças tão suaves entre seus personagens, as localizações são simplesmente opostas. 1492 e 2016. Espanha e... Infelizmente, seria um grande spoiler dizer onde o filme tem um importante trecho, mas felizmente para nós, é a parte espanhola da história que merece mais atenção! A construção dos cenários é ótima, e passa fidelidade aos espectadores, e até mesmo a Animus, aparentemente simples, tem seus momentos de "glória", bela em toda a sua simplicidade. Pontos para a equipe de fotografia! É graças a eles e à turma dos efeitos especiais que temos uma das mais esperadas ações de Aguilar no filme, mas também não podemos contar qual é, mesmo com os fãs da franquia já tendo ideias.

Infelizmente, os mesmos efeitos especiais que engrandecem o filme, vêm em doses exageradas de vez em quando. Há momentos em que há tanta informação na tela que você sente vontade de sair da sala de cinema e simplesmente olhar para o nada antes de voltar. E estas saídas são patrocinadas por alguns diálogos lentos e desnecessários entre personagens, que felizmente não são muitos. Em um filme que requer tanta atenção aos detalhes e metáforas, isso é uma gravíssima falha, que esperamos que seja corrigida em um próximo filme, caso aconteça. Até porque o fim do filme nos deixa esta dúvida: o que acontece agora? Tem para onde a história seguir ou é isso e ponto final? O típico final aberto, que é mais do que justo aqui, em meio à tantas sutilezas e dúvidas que o enredo cria.

Por fim, se você for um fã dos games, habituado com os elementos e a mitologia por trás da história, vá até o cinema agora mesmo e veja o filme! Mas se não conhecer bem a história ou nunca nem tiver visto nada sobre o jogo, vá mais pela diversão de assistir a um bom filme. Nenhum dos grupos se arrependerá por isso!

Nota do avaliador:

Já assistiu? Então conta aí nos comentários sua opinião e veja se concorda conosco!

Estudante de Engenharia de Computação, fã de HQs, boa música e maluco por video games antigos.

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