Finalmente! O aguardadíssimo Capitão América: Guerra Civil já está em cartaz nos cinemas brasileiros e você confere agora mesmo a nossa crítica do filme, sem spoilers!
Os Irmãos Russos, ao anunciarem que o terceiro filme do Capitão América adaptaria Guerra Civil, tinham vários obstáculos a sua frente: O filme teria que ser ao menos perto do nível dos quadrinhos, não contariam com grande parte dos personagens e ainda por cima teriam que conseguir trabalhar vários personagens em um filme de 2h à 3h de duração – mesmo sendo poucos, se comparado a obra original.
Enfim, depois de tudo isso, o filme estreou e não é exagero dizer: é um dos melhores filmes da Marvel Studios. Como já era esperado, Joe e Anthony Russo fizeram mais um trabalho incrível com personagens da casa das idéias. Avengers: Infinity War está em boas mãos. Vamos lá, o que tem de tão bom no filme? Quais são as coisas funcionaram e não funcionaram no filme?
Para começar – como já dito anteriormente –, este é o filme que crava os Russos como os melhores diretores possíveis para um filme da Marvel. Além de terem um bom conhecimento do universo e saberem fazer cenas de ação como poucos, são os únicos que conseguem acertar o tom. Por exemplo: Vingadores: A Era de Ultron tem um problema gravíssimo quanto ao humor. O filme peca em colocar cenas engraçadas em momentos desnecessários, o que tira totalmente o peso do filme. Em Capitão América: Soldado Invernal e agora em Guerra Civil vimos filmes mais contidos, com humor na hora certa e bem dosado. Este terceiro filme do Capitão América é o filme de todo o MCU que mais consegue ter peso, que mais consegue ser tenso e, as vezes, imprevisível. Ele consegue se levar a sério, sem perder a essência dos outros filmes do estúdio, que é o humor, só que muito bem dosado. Durante as cenas de ação, eles conseguem fazer um combinado de CGI e dublês com coreografias incríveis. Se em Soldado Invernal o personagem do Bucky nos impressionou com suas acrobacias e golpes, o Pantera Negra – que falarei mais neste texto – não fica atrás.
Porém, os Russos tiveram um grande apoio com o ótimo roteiro escrito por Christopher Markus e Steve McFeely. O filme é redondo, tem arcos muito bem contados, os diálogos são interessantíssimos e não cansam o telespectador, mesmo àqueles que só querem ver ao filme pela ação. Assim como em Batman vs Superman, o roteiro faz discussões sociais e políticas. Ambos os filmes trabalham as consequências de deuses entre os seres humanos normais, as consequências das ações dos super seres à sociedade. Fazer uma adaptação de Guerra Civil para o cinema não é uma tarefa fácil, pois o quadrinho pode não ser um grande épico, nem nada do tipo, mas é sem dúvidas UM DOS mais reflexivos da Marvel dos últimos anos. Adaptar a história a um universo de filmes que nunca tiveram intenção de discutir temas mais "adultos" é mais difícil ainda. Então, um dos maiores méritos dos roteiristas foi ter conseguido mesclar vários elementos da saga dos quadrinhos ao MCU. Por exemplo: Na história original, o protesto de uma mãe que perdeu seu filho, graças a irresponsabilidade dos Vingadores, pesa muito na decisão de Stark em apoiar o registro dos super heróis. No filme, também vemos isso. Evidentemente o filme não trás apenas este elemento da HQ. Futuramente, nós, do Planetário, faremos um texto comparando o filme a história original, mostrando as semelhanças e as diferenças.
Outro ponto positivíssimo do filme é a motivação de cada personagem: O filme se preocupa em dar motivos muito bem pensados para cada personagem defender seu "time". Não existe um ponto sem nó na relação de escolha de lados. O filme não só deixa claro qual é a posição de cada personagem, mas ele também explica perfeitamente o porquê cada personagem escolheu determinado lado, sem parecer forçado e sempre sendo coerente. Um dos maiores medos de grande parte dos fãs é que a divisão entre os grupos acabasse virando um paredão do Big Brother Brasil, algo como "Olha, eu sou do seu time porque tenho mais afinidade". Não, o telespectador entende o porquê de determinada decisão. Mas como isso foi possível? É simples: o filme não tenta pesar para um lado, não tenta fazer um parecer o certo e o outro errado. Por não fazer isso, o filme dá motivações boas o suficiente para cada um. Esse é, talvez, o maior acerto do filme. Eu diria que neste ponto o filme foi bem melhor que o quadrinho: na HQ, inicialmente, é muito fácil de entender as motivações de Tony, mas com o passar das edições, Stark foi transformado em um fascista, não aceitando divergências, resolvendo tudo na maneira mais irracional possível: no combate. Atitude essa que gerou um ódio enorme por parte dos fãs ao Homem de Ferro na época.
Os atores estão melhores que nunca no filme. Claro, é impossível dar o mesmo espaço a todos, mas, como dito anteriormente, todos acabam ganhando espaço ao menos para mostrar as suas motivações. Os destaques do filme são, sem dúvidas, Tom Holland, como Homem Aranha, Chadwick Boseman, o Pantera Negra, por serem personagens novos que foram introduzidos no filme, Paul Rudd, o Homem Formiga, Robert Downey Jr., o Homem de Ferro, se mostrando um ator não apenas para cenas de humor, e, como um grande fator surpresa, Elizabeth Olsen, a Feiticeira Escarlate. Se em Avengers 2 ela não teve o espaço necessário, neste filme – considerando que ela é mais uma entre vários vingadores em um filme do Capitão América –, ela teve uma importância grandíssima, tanto na trama como em sua incrível performance nas cenas de ação.
As outras categorias técnicas do filme cumpriram bem seu papel. A produção do filme é ótima. Destaque para todo o figurino do filme, especialmente do Pantera Negra, que é o uniforme mais bonito e fiel que poderia ser feito ao personagem. A parte gráfica do filme deixa um pouco a desejar, se comparado aos anteriores filmes dos Vingadores. Em algumas cenas o CGI fica muito artificial. Claro, é muito bom mesmo assim, mas fica atrás de outras produções do estúdio. A trilha sonora é o que já esperávamos: o mesmo de sempre. É preguiçosa, seguindo a mesma fórmula das outras músicas dos filmes anteriores da Marvel. A edição do filme consegue ser coerente com o roteiro e com o que o trabalho de direção dos Russos quiseram passar.
Se os personagens terem boas motivações é a melhor coisa do filme, o Pantera Negra é a segunda melhor. Particularmente, o que eu mais esperava ver no filme era o Homem Aranha. Porém, quem rouba a cena é o grande T'Challa. Indubitavelmente, o Amigão da Vizinhança não fica muito atrás, mas o Pantera, por ter maior participação no filme, é o grande destaque entre os novos personagens. Não basta o filme ser muito bom, ele também faz o telespectador querer mais tanto do Homem Aranha quanto do Pantera Negra.
Contudo, o filme tem alguns problemas. Poucos, mas como qualquer filme de super herói, tem. Quando me perguntam o que mais me incomoda no MCU, dou uma resposta instantânea: os vilões. E, novamente, a Marvel não conseguiu fazer um bom vilão. O Barão Zemo poderia ter qualquer outro nome no filme, menos Barão Zemo, mesmo com a boa atuação de Daniel Brühl. Apesar de ter uma boa motivação, o vilão é o ponto mais fraco do filme. Ele em momento algum é cativante, irritante ou genial – características fundamentais em bons vilões. Ele é uma das últimas coisas a ser lembrada. Ele tem bons momentos, mas para no mesmo ponto em que o Jaqueta Amarela em Homem Formiga: ele é um personagem qualquer, esquecível. O Ossos Cruzados também é dispensável, poderia ser outro personagem no lugar dele que não faria diferença alguma. Entretanto, é compreensível que os vilões sejam pontos baixos no filme, pois o ponto principal é o embate entre Capitão América e Homem de Ferro.
Capitão América: Guerra Civil é o filme mais pesado, adulto, com mais temas interessantes de todo o MCU. É um dos melhores filmes da Marvel. Não, não é o melhor, eu ainda gosto mais do primeiro Vingadores. Mas é um filme que deixa boas possibilidades para Infinity War, para o filme solo do Aranha, do Pantera e até mesmo para o segundo filme do Homem Formiga. Como já dissemos na crítica de Batman vs Superman, não deixe a opinião de ninguém interferir na sua experiência. Assista ao filme e tire suas próprias conclusões!
Nota do avaliador:
Já assistiu ao filme? Se sim, não dê spoilers! Se quiser saber ler um pouco sobre cada um dos personagens do filme, leia a nossa Preparação Para Guerra Civil, que fizemos antes do filme estrear. Não se esqueça de dizer o que achou de Capitão América: Guerra Civil!