Uncharted 4: A Thief's End – Review


Em 2014, durante o evento de lançamento do Playstation 4, a Sony e a Naughty Dog anunciaram que estavam trabalhando em Uncharted 4, continuação de Drake's Deception. O anuncio foi, de certo modo, surpreendente, levando em consideração que The Last of Us – outro grande nome da desenvolvedora – havia sido um sucesso absoluto, e provavelmente ganharia uma continuação. Sem contar que Uncharted 3: Drake's Deception seria um final pontual para a saga – ou, até então, trilogia. Estaria a Naughty Dog fazendo um jogo para cumprir tabela e ganhar mais dinheiro com uma de suas maiores franquias?

Após todos os adiamentos, em 2016, a empresa provou que não. Pelo contrário, os fãs da saga foram presenteados com o melhor game da franquia e possivelmente o melhor jogo da atual geração por muito tempo.

Já sendo considerado mais um dos sucessos absolutos da empresa, a Naughty Dog consegue, no novo game, manter o altíssimo nível de detalhes, a qualidade, e principalmente a sinceridade com o jogador. Sinceridade? Como assim? Calma! Vou explicar.

Todos os jogos anteriores da saga seguem uma mesma receita: Nathan está atrás de um tesouro, o qual outra(s) pessoa(s) também está(ão). Nosso protagonista passa por maus bocados, quase morre diversas vezes, sendo salvo no último segundo. Quando ele chega no local do tesouro, era uma cilada e algo muito ruim acontece... Por aí vai. A sinceridade por parte da empresa está nesses detalhes: Eles inovam em alguns aspectos e mantém outros que já são característicos da série, só que adaptados ao enredo do novo game – óbvio, com mudanças. O game usa seus clichês a seu favor. É como se a Naughty Dog soubesse que muitos já viam a franquia como mais do mesmo e utilizassem disso a seu favor. Com tudo isso, a história é a melhor já vista na franquia, com várias reviravoltas ótimas, sem parecer forçadas e pontualmente pensadas para que o jogo faça sentido.

O novo game é comandado por Neil Druckmann e Bruce Straley, dupla responsável pelo belíssimo e irretocável The Last of Us. Destarte, era evidente que o jogo teria elementos do premiadíssimo game de 2013. É muito perceptível a influência da dupla em vários aspectos do game, como nas relações entre os personagens, e, principalmente, na ambientação do jogo. Vários cenários remetem aos pós apocalípticos de The Last of Us, com moveis, paredes desgastadas, destruídas. Mas estes são aspectos técnicos que falaremos mais no decorrer da análise.

Como já dito anteriormente, a história do game é a melhor de toda a saga. Ela é simples e, ao mesmo tempo, genial. Nathan Drake reencontra seu irmão depois de 15 anos, o qual ele tinha certeza de que estava morto. Sam Drake – o irmão de Nathan – ficou todo esse tempo preso, sendo solto por apenas um motivo: encontrar o tesouro perdido do pirata Avery e entregar ao homem que o tirou da cadeia. Com isso, Nathan, que vivia uma vida normal ao lado de Elena Fisher, é obrigado a voltar a "caça a tesouros" para livrar seu irmão. Claro que, com isso, Nate contaria com seu parceiro Victor Sullivan (ou Sully). Apesar de simples, a história acaba sendo genial e cada vez mais intrigante graças ao excelente roteiro do game. Os diálogos são excepcionais e divertidíssimos, o que faz com que o player se importe e goste de cada um dos personagens – influência claríssima de The Last of Us. Em diversos momentos, o jogo mostra ter cuidado em trabalhar cada personagem: Nathan parará tudo o que está fazendo para sentar e conversar com seu irmão, irá relembrar o passado entre eles, enfim, alguns tipos de "jogos emocionais" com o player.

Porém, uma história só é completa se o jogo conseguir te colocar imerso nela, e é aí que entra o maior acerto do game: a ambientação. O game te coloca em cenários estonteante, apolíneos, que te obrigam a parar e contemplar o avanço gráfico da nova geração de consoles. Não existem cenários tão bonitos quanto os que Uncharted 4 apresentam.


Até em momentos mais tensos você vai querer parar e contemplar uma bela vista...


Além de bonitos, há uma enorme diversidade de cenários durante toda a trama. Você vai passar por cavernas, montanhas, áreas alagadas, cidadelas, poças de lama, florestas, cidades com temperaturas abaixo de zero, mares, chuvas fortíssimas... Enfim, não falta nada neste aspecto, e você vai querer fazer um quadro com cenas de cada um dos diversos ambientes do game. Se não basta a variedade, todos cenários são gigantes, o que acaba quebrando a linearidade do game, abrindo novas possibilidades de rotas. Claro que, com isso, a dificuldade em encontrar itens escondidos aumenta, mas com cenários lindos como os que o game apresenta, o jogador acaba querendo explorar mais os mapas e acaba encontrando, por conseguinte, tais itens. As qualidades técnicas gráficas não param por aí, o game ainda por cima consegue fazer uma mudança de cutscene para gameplay de forma delicadíssima, tornando quase imperceptível uma da outra. E, por fim, como já era esperado, a parte de captura de movimentos é a melhor já vista no PS4. As expressões faciais são muito reais e bonitas. Os detalhes são tantos que fascinam a qualquer jogador.

Um dos maiores marcos de Uncharted é ter uma jogabilidade muito fluida, o que se repete no quarto game da franquia. Neste é possível – além de correr, pular, dar cambalhota, escalar, pendurar-se, proteger-se e atirar, que já era possível nos games anteriores – utilizar uma corda para realizar manobras mais complicadas a longas distâncias. Você pode utilizá-la como, em referência aos jogos anteriores, um cipó, ou seja, para balançar e chegar a outro lado, pode fazer rapel e até mesmo puxar objetos. O sistema de jogabilidade do game é tão competente que até mesmo em veículos é fluida. Com esses avanços na gameplay, as cenas de ação – forte característica da franquia – ganham novas possibilidades. Em diversos momentos o jogador estará por um fio de morrer e a fiel corda o salvará. Momentos de adrenalina pura e tensão, misturados, estão novamente no game, com mais possibilidades técnicas que nos anteriores, portanto, mais detalhados, e, claro, sempre desafiando as leis da física. Se antes os pulos e acrobacias de Nathan eram impossíveis, aqui chega a ser surreal. Não que seja algo negativo, pelo contrário, agrega ao game. Quem compraria um jogo fisicamente perfeito? Qual seria a graça?

Fator determinante para os momentos de ação é o trabalho de som, como nas explosões, tiros, destruições no geral. Os efeitos sonoros são extremamente realistas e muito bem mixados no game, sem contar a trilha sonora que sobe no momento certo para fazer com que a adrenalina do player chegue a um nível altíssimo.


Nos combates, o novo game segue a receita dos antigos Uncharted com algumas novas funções. Neste é possível atirar enquanto estamos em cover, pendurados, debaixo d'água, em veículos – quando passageiros –, o que já era possível anteriormente. A maior inovação no sistema de combate é uma maior possibilidade de passar pela maneira stealth do que em Uncharted 2 e 3 – no primeiro game ainda não era possível. Em certas partes do game o jogador escolhe se partirá para o combate ou passará despercebido. Outra inovação é a possibilidade de jogar com a mira das armas travando ou não nos inimigos. O combate corpo a corpo ainda é um pouco travado, mas é utilizado pontualmente durante o game.

Durante os combates é possível notar um dos pouquíssimos problemas do jogo, que é a inteligência artificial. Os capangas estão mais burros que nunca. Eles param de investigar em pouquíssimo tempo, não veem movimentação que está logo a sua frente, perdem o alvo facilmente, por aí vai. Porém, isso só se aplica aos capangas inimigos, pois quanto a inteligência dos parceiros, tudo ocorre bem. Há uma enorme influência de The Last of Us neste ponto. Quando necessário, os parceiros de Nathan aparecem e ajudam durante os combates, distraindo inimigos e até mesmo fazendo combos.

A dublagem é boa. Algumas vozes são estranhas inicialmente, como as do Sully e Elena. Os puzzles do game são divertidos, envolvem um pouco de raciocínio lógico e quebram os momentos de ação ou de exploração do game. Não há enigma algum muito desafiador, mas ainda sim são divertidos. O multiplayer é presente apenas para aumentar a vida útil do game, mas possui seu charme e é divertido.

Jogabilidade: 10/10
Gráficos/Ambientação: 10/10
Trilha Sonora: 10/10
Enredo: 10/10
Inteligência Artificial: 7.5/10
Diversão: 10/10
Dublagem PT-BR: 8/10

Uncharted 4: A Thief's End é um jogo com uma história comovente, com momentos de ação homéricos, paisagens estonteantes, gráficos estupendos, jogabilidade fluida, trilha sonora épica e personagens memoráveis. Por todos esses motivos, não há como dar uma nota diferente ao game. É um título obrigatório aos donos de PS4 e deve ser o melhor game do console por muito tempo.

  Nota do final do avaliador:

Já jogou o novíssimo exclusivo do PS4? Comente o que achou!
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